sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Alguma coisa


Alguma coisa ela faz
Talvez magia
Mas de imagem faz
Poesia, como nunca fiz

Alguma coisa ela faz
Que pra ela o Sol não se põe
Para no horizonte
Para vê-la contemplá-lo

Alguma coisa ela faz
Que toda paisagem
Se dobra, se adapta, se camufla
Para ela aparecer

Alguma coisa ela faz
Que me intriga e que me prende
Alguma coisa que me ensurdece,
Pois ao vê-la não ouço não

Alguma coisa ela faz
Pois o mundo não para
E apesar de grande
Só existe onde ela está

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Eu vendo meu voto

A quem chegar
A quem pedir
A quem pagar
Eu vendo meu voto

Pois a política é suja
E os políticos corruptos
Pois não há salvação
Eu vendo meu voto

Se é pra perder
Se é pra definhar
Se é pra deixar como está
Eu vendo o meu voto

Se devo votar
Se ninguém vai me representar
Se ninguém lutará pelo que preciso
Não sou eu que o farei
Então, eu vendo o meu voto


E nesse Brasil que nunca muda
Nessa política de velhas práticas
Velhos lobos, velhas caras
Esqueço-me de tudo
Aparto-me de tudo
E vendo o meu voto

Pois esqueço de princípios
Esqueço-me da integridade
Da honestidade a mim ensinada
Da probidade por mim exigida
E da minha desonestidade
Comigo, com meus parentes,
Com meu país
Por isso, eu vendo o meu voto

domingo, 3 de agosto de 2014

Alcatraz

O meu Juízo,
De ser Juíz, há muito desistiu
Pois já se cansou
De julgar meus atos
Desmandos, desparates
Canalhices e mediocridades

Já se mostrou contra
E contra-argumentou
Com meus sujos e corruptos
advogados, rins.
Que parecem ter estômago de aço
Mas não há fatos contra argumentos
Enquanto tão bem construídos
E tão bem alicerçados
Na vaidade, mas não vã, irrealidade
De minhas auto-mentiras
Pois assim me afasto
Desfaço, me disfarço
E no meu encalço
Fujo de mim,
Para esconder-me de mim mesmo


E me prendo em múltiplos grilhões
Num canto qualquer de minha mente
E admitidamente
Faço de mim a prova viva
Em alma e sentimentaloidismo
Em minha própria Alcatraz
De que um homem morto é uma ilha
Se não completo,
Um remendo qualquer

terça-feira, 29 de julho de 2014

Nos dias de chuva

Nesses dias em que o céu se esconde
E o Sol, de longe, não se pode ver
Nesses dias nublados, de tempo fechado
Sem nada pra fazer

A voz que se ouve
tem um tom de calma
Parece que a alma
Resolveu te dizer
Uma coisa qualquer
Por qualquer motivo
Coisas que nem queria saber

Não é nada que não se saiba
Ou não se permita ser sabido
Qualquer coisa que tenha ouvido
Qualquer coisa que tenha visto
Mas somente se lembra do que foi ignorado
Mesmo que seja passado
Desde que não tenha passado
É matéria de discussão

Parece que nossa subconsciência
Não tem ciência da complexidade
Nos atos, nos fatos
Na vida
É uma criança...
Tão sábia, pra que escutá-la?
Só nos dias de chuva...

Quando o céu se esconde
E o Sol, de longe, não se pode ver
Nesses dias nublados, de tempo fechado
Sem nada pra fazer

Quando o som que se ouve,
Senão de chuva, vem de você
Quando parar e pensar um pouco
Tem tempo de acontecer.

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