quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dor nostálgica

Amor,  é veneno de visão
Saudade é veneno de tato
Adormecido, sem percepção

Saudade é querer segurar
O cheiro do amado
Que no próximo segundo não estará

Saudade é a morte dos apaixonados
Melancolia dos queridos
Sorte dos casados

Saudade é o aperto no peito
Do bardo ferido
Que não tem o par de seu dueto

Saudade é a presença do que não está
Saudade é prender o que não pode ser preso
Até que sobre só a dor
A dor nostálgica de um amor

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Vida leve

Não alcanço mais
O que ficou pra trás
Pacifico minha alma
Que agora se desarma

Não que os vá ver
Mas quero um sorriso
No dia que esse velho morrer
Mesmo que não vá para o paraíso

Mesmo que a vida tenha sido uma desgraça
Quero que aceitem meu parto, o tempo passa
Quero o pesar mais sincero
O sorriso do amigo nostálgico
A tristeza do inimigo honroso
Enquanto alguém sorrir minha morte
Serei homem de sorte

Saberei que a vida não foi em vão
Mesmo que se passe minha geração
Se houverem próximas que respeitem minha história
E que riam com a minha memória

Da vida que foi triste
Da vida que foi alegre
Vida que nem mais existe
Vida morrida...
Vida leve

domingo, 29 de maio de 2011

algo sobre poesia

Percebeu que muito tempo havia perdido. Aquele velho amor acabara de adiciona-lo naquela rede social azul-escura.  Pensava em escrever, mas não sabia se já poderia escrever poemas... O seu novo, já velho amor, mas ainda vivo, sumira novamente. Pois com o primeiro oi de sua amada, saíra de sua foça estável, mas sumira novamente, estava caindo. O fundo do poço não é tão ruim quanto a descida, enquanto se cai não se sabe a gravidade do machucado que se está por vir. Enquanto se cai se pode sentir o ar que se opõe ao seu corpo e que aperta seu, nessa hora as lágrimas podem saltar de seus olhos, ou dos dele.
Perdera sua poesia, seus autores favoritos não significavam mais nada, seus poemas nunca lhe pareceram piores, nem se atreveria mais a tentar um verso, não era culpa dela, era culpa da falta dela a falta que ela fazia só eu posso imaginar e só ele podia sentir, algo não vinha sendo gentil com ele, não podia ter seu amor, sua liberdade, nem sua poesia.
Amores vieram e foram, com o tempo aprendeu a poesia. Diz-se que a única coisa que não pode ser roubada é o conhecimento, me pergunto se nunca conheci a poesia, ou se ela simplesmente preferiu ir junto com a MULHER amada, talvez pelo fato de ser um garoto, não pôde dar o que eles precisavam. Poemas nasciam, mas não soube dar valor a eles, a ele.
Começou pensando se escreveria um poema, ou prosa, não teve coragem pra um poema,  agora já não tinha mais ânimo nem pra terminar esse texto...

terça-feira, 19 de abril de 2011

Paradóxo da Vida-Escrita

Acordou pensando no que poderia escrever. Logo de cara decidiu que a narrativa seria em terceira pessoa, achava que não merecia ser ninguém que não fosse ele. Estava ali, praticando um ato que só não era mais rotineiro, pois pouco comia agora, e estava trocando duas refeições por 2 ou três canecas de café. Não estava em nenhuma dieta maluca, seu apetite apenas havia diminuído, trocava então por algo que pudesse consolá-lo, assim como aconteceu com seus amigos, que não mais estavam com ele. Botou uma quantia exagerada de açúcar, leite e Nescau, não gostava de Nescau, achava muito forte, mas não tinha mais Toddy, que era o que ele queria.... Há muito não tinha o que queria. Com uma moleza no corpo, um pouco de acomodação, misturou todos aqueles ingredientes no único copo de alumínio da casa, um que ele evitava, pois não gostava do gosto férreo que deixava na boca, porém não se importava, talvez nem tivesse notado até que a borda do copo todo a sua boca, sua mente estava ocupada demais pra se importar com aquilo, pois naquele dia que já estava próximo da metade, ele acordou pensando no que poderia escrever. Logo de cara decidiu que a narrativa seria em terceira pessoa, achava que não merecia ser ninguém que não fosse ele. Estava ali, praticando um ato que só não era mais rotineiro, pois pouco comia agora, e estava trocando duas refeições por 2 ou três canecas de café. Não estava em nenhuma dieta maluca, seu apetite apenas havia diminuído, trocava então por algo que pudesse consolá-lo, assim como aconteceu com seus amigos, que não mais estavam com ele. Botou uma quantia exagerada de açúcar, leite e Nescau, não gostava de Nescau, achava muito forte, mas não tinha mais Toddy, que era o que ele queria.... Há muito não tinha o que queria. Com uma moleza no corpo, um pouco de acomodação, misturou todos aqueles ingredientes no único copo de alumínio da casa, um que ele evitava, pois não gostava do gosto férreo que deixava na boca, porém não se importava, talvez nem tivesse notado até que a borda do copo todo a sua boca, sua mente estava ocupada demais pra se importar com aquilo, pois naquele dia que já estava próximo da metade, ele acordou pensando no que poderia escrever e tentou acreditar que escrever algo faria com que acordar tivesse sido algo bom...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Não merece um título

          Ainda era cedo, apenas 20 anos, andando pela rua, mas pra muitas coisas já era tarde. Por isso agora se encaminhava para a universidade com aquele papel com a letra mais bonita que ele jamais poderia um dia reproduzir, mesmo que ainda fossem desajeitadas e garranchosas. Essas letras formavam pequenas linhas chamadas versos e a cada quatro daquelas ele pulava uma linha para fazer suas estrofes, sempre nos quartetos. 
           Gostava de quadrados, pois sempre que se acostumava a ver de um ponto de vista, estava na hora de mudar. Coisa que não se podia fazer com o círculo, onde todo momento tem que estar pronto pra ver uma coisa diferente, achava que isso faria com que perdesse o gosto pelo susto, a surpresa de ver uma coisa inusitada. Teria tempo para assimilar as coisas e aprender a olhar pra frente até que tenha que mudar seu caminho. "Não há pessoas que andam sempre em linhas retas, você sempre vai parar onde começou, mas sempre diferente. De uma ideia, para uma memória!" Sempre voltará pro ponto de origem..
          Cada um de seus versos era composto de uma redondilha menor, gostava do número 5, estava sempre bem neutro e raramente dificultava os cáculos. Não via porquê a vida deveria ser complicada, se ela realmente devesse ser levada a sério, não teria fim, nem gente ganhando ou perdendo....
           Você não precisa saber quantas estrofes tinha... Mas Ele sabia que seu poema não estava completo, então tentava apagar de sua mente o fato de que seu final não estava certo, sua rima era pobre, seus versos não eram quatro, e sua redondilha não era menor. Continuou a andar. Na sua ansiedade, esqueceu de ônibus, foi a pé. Sua mente estava ocupada demais para estabelecer um caminho lógico, então seus pés o levavam para algum lugar que fosse o início. Caminhava... Quase ele não é atropelado por um carro, que provavelmente pertencia a alguém que provavelmente passou sua madrugada acordado, como ele, e que provavelmente sofria o mesmo drama que ele, o medo da probabilidade de não ser aceito por quem ama, mas cada um tem sua maneira de lidar com a dor... Eu provavelmente invento um personagem que provavelmente vive as minhas inseguranças num monitor, provavelmente de LCD, de tubo ou cristal líquido, cristal líquido... E apesar de tudo isso, provavelmente ainda pensa demais nas probabilidades
          Talvez nem tenha se assustado, pois provavelmente vivendo o seu drama interno não atentou para o fato, mas alguma coisa o fez lembrar, que esqueceu de alimentar o gato, mas ele sobreviveria até o fim de da aula. Lembrou que o dia anterior(domingo), tinha sido o aniversário da mãe com a qual há muito tempo não falava e que talvez nem considerasse mais uma mãe. Começou a notar que no seu desespero, ansiedade e insegurança deixou de notar as coisas, mas tudo se esvaiu quando sua mente se voltou novamente para o papel em seu bolso, agora sabia como era para ser seu final, pensou em pegar uma caneta na mochila que carregava em suas costas, mas não podia mais se mexer, nem para salvar o seu poema de ser manchado pelo próprio sangue.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Poema Seco

Na minha gaveta
Tem um pouquinho de mim
A minha gaveta
Vou abrindo de pouquin em pouquin
Na minha gaveta
Guardo um eu dentro de mim
A minha gaveta
Feita de letras carmim
Pelo sangue, pelo amor, pela dor

Na minha gaveta
Não há mais nada
A minha gaveta
Está cansada
Na minha gaveta
Palavra amargurada
A minha gaveta
Já não vale nada
Pois eu já não quero mais amar...

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